sábado, 31 de março de 2018

DESAMAR ... VERBO INTRANSIGENTE




Coletânea de Crônicas projetopassofundo.com.br

          Mas que loucura é, enfim viver!
          Viver aliás, é relativamente fácil, amar é o problema!
          Percebo uma certa dificuldade do leitor em assimilar tais devaneios. Explicarei melhor.
         Desconsiderarei aqui o amor filial e fraternal. Os gregos sabiam do babado. Mas hoje em dia a ética/moral nos impõem restrições e a lei nos imputa comportamentos... Amar primos/primas é acidente de percurso! Ou não!
          Mas lembro que depois dos meus 13/14/15 anos, não sei precisar muito bem, enveredei nas veias ardentes do amor ... claro, me apaixonava e este sentimento como relâmpago já virava amor de doer o peito, tinha febre terçã, ardia-me a alma. Vagava como zumbi na estrada férrea ( papai era ferroviário). Escrevia poemas, muitos dos quais jamais entreguei ... a dedicatória foi sempre e é virtual ...
          Amei Lia, Tânia, Janaína, Raquel, Maria Helena e ... minha mente seletiva, para evitar a dor maior, foi esquecendo tantos nomes ... ao menos é o que garantem em suntuosos tratados psiquiatras de renome ...
          Mas, cada amor que terminava, alguns, muitos até, nunca começaram, ficaram entre eu e minha mente transtornada. Mas outros, quando do término palpável, cheguei a odiar, desencantar. Mas uma coisa vos confesso ... "a todas jamais desamei".
          Para algumas nunca mais voltei. E como é difícil voltar à quem se desama. Outras tantas jamais voltaram para mim, mas jamais as desamei (que jogo de palavras desinfelizes).
      Desamar é amputação na alma. E cada amor está gravado nela. Desamar portanto é quase uma impossibilidade física.
          Amo Helen, Carolina e Hannah e Santa e Carmem e Izabela, desamá-las seria um drama Euripidiano.                      Assim como Beatriz, Talita, Luiza, Márcia e a estas eu odiei, sonhei com suas mortes lentas e dolorosas, mas jamais, nem no ínfimo instante de minha maldade, consegui desamá-las.
          Desamar é como destino, por mais que se fuja ... este sentimento esta ali, no primeiro descuido de nossas lembranças! O desamor se transforma em quase bucólica saudade ... numa rememoração distante, num sorriso em que os olhos permanecem tristes.
          Para que fique claro ... desamar não é odiar. Pois o ódio pode virar amor, a linha é muito tênue.
           Desamar é a intransigência, a insaciedade. Depois que se ama caro leitor, desamar é quase morrer ou o frio conceito desta ...
          Desamar é como não ter amado!

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