quinta-feira, 29 de agosto de 2019

A CRIATURA DA CHICUTA

                                                             

      Deus do céu
     Há histórias que não deveríamos sequer mencionar a existência. Pois o horror estampado nos olhos de quem viu ... só em pensar arrepia-me os pêlos! Falo porque conversei com pessoas, com as quais travei silêncios inesquecíveis, sílabas gaguejantes e frases truncadas pelo pavor.
     Escrevo, quase na ânsia indômita de avisar. Quero alertar do perigo que corres, se depois da meia noite, por um motivo qualquer, andares a pé na Avenida Chicuta, descendo a lomba da Gare, lá pros lados do Bosque. A coisa acontece na altura do arroio Raquel (para alguns antes dele, para outros um pouco mais adiante).
     Os moradores do entorno contam com voz debilmente baixa e olhar espreitando a porta, que o evento acontece entre meia noite e quatro horas da manhã. Contam que tudo começa quando o vento minuano em um assovio fino penetra as frestas dos cômodos, numa melodia quase mortificante. Logo a seguir, ouve-se ao longe um tropel de cavalos, quase visualiza-se os animais em característicos galopes e relinchos, mas nada se enxerga!
     Concomitante, uivos de cães e lobos guará, ora distantes, ora em que o bafo e o tilintar de caninos brancos rosnando em direção a coxa e/ou jugular, definitivamente afastam o espírito, deixando um corpo pálido e ofegante, paralisado pelo medo!
     Mas não há, segundo me relataram, vítimas de sangue. A “coisa” é, perigosamente espiritual ou relacionada a isso, senão transcendental.
     Contaram-me os viventes que este evento é mais forte no quarto de lua nova, onde a luz é desesperadamente cercada pelo breu celestial. Lua cheia, caro leitor, é pra histórias mirabolantes de Lobisomens e Morcegos sanguinários.
     Ah, gargalhadas estridentes as vezes masculina, outras feminina. Vultos percorrendo calçadas e ruas adjacentes. Vês e ouves, mesmo que não queiras!
     Cristãos de todas as matizes, judeus, muçulmanos e crentes de matrizes africanas, citando também agnósticos e gnósticos ... unanimidade! Naquele quadrante, em Passo Fundo, algo sobrenatural ou ainda carecendo de explicação científica ... acontece! Mas acontece ...
     Entrevistei inúmeras pessoas. Preservo nomes para não haver represálias da imprensa ideológica ou procura insana da imprensa sensacionalista.
     Contou-me um senhor, entorno de 50 anos, Pastor de profissão, com voz trêmula e um cacoete onde a pálpebra do olho esquerdo tremia ensandecidamente, que um cão, descrito como um Rottweiller, o cachorro do demônio, bafejou-lhe a nuca num rosnar gutural, tendo avançado traiçoeiramente. Ele, numa corrida tresloucada percorreu cem metros rasos em segundos olímpicos, também saltando um muro de dois metros sem apoio físico. E que só parou de espancar a porta de casa e de gritar alucinadamente quando sua esposa espavorida a abriu. Ele entrou e viu, como numa alucinação, o bicho transformar-se em algo maior ainda, como um urso e concomitante adquirir uma etérea forma humana com fraque, cartola e um sorriso quase maroto!
     Umbandistas afirmam ser Exú cuidando das pessoas, tirando-as da linha de perigo. Mas evitam aquele local após a hora grande (meia noite). Acostumados a lidar com tais energias, naquele quadrante, evitam, pois como dizem, a coisa é punk.
     Outros ainda afirmam que um senhorzinho de corcunda acentuada, que ninguém jamais viu o rosto, é um ser encantado. Toma ele uma forma dúbia, meio homem, meio porco que grunhindo agita os animais domésticos, instigando-lhes o instinto selvagem, modificando inclusive a atmosfera local (o tal "porco-homem").
     Um ufologista numa conversa quase informal, confessou-me que aquele quadrante é monitorado pela CIA e pela NASA, sem que os governos municipal, estadual ou federal tenham gerência ou saibam. Segundo ele ali existe um portal, onde pessoas especiais transitam insuspeitamente. Confidenciou-me que cidadãos comuns fizeram a passagem e no retorno a esta realidade relataram que Passo Fundo é co-irmã de Atlântida (a civilização perdida). Este pesquisador contou-me ainda que o Festival de Folclore, a Feira do Livro, a Jornada Internacional de Literatura e a Jornadinha mais o Rodeio Internacional de Gaudérios em Passo Fundo, são diretamente influenciados pelos Atlantes. São meios deles encontrarem-se e fazerem a troca dos guardiões deste segredo.
     Meus amigos, a história toda não sei e duvido que venha saber algum dia.  Passo Fundo como veem não é para amadores, ignorantes ou covardes. O tempo dirá!
     Mas ... e a criatura, estás a se perguntar?
     Não sei se existe ou não! Mas que há alguma coisa, ah, é claro que há!

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